quinta-feira, 21 de março de 2013

O Amor depois do Divórcio...

Os promotores de justiça sabem.
Os juízes sabem.
Os terapeutas sabem.
Os massoterapeutas sabem.
As faxineiras sabem.
Nunca houve tanta reconciliação.
Mais do que casamento e divórcio.
A reconciliação é o amor autêntico.
O amor bandido que se converteu à lei.
O amor bêbado que largou o álcool.
O amor drogado que fugiu dos vícios.
A reconciliação é o amor depois das férias,
recuperado da perseguição dos defeitos e da distorção das conversas.
É o amor depois da mentira, depois do tribunal,
depois da maldade da sinceridade, depois da carência.
Casais que se prometeram o inferno, que disputaram a guarda na Justiça,
que enlouqueceram os filhos com suas conspirações,
decidem voltar a morar junto, para temor dos vizinhos,
para o susto da parentada.
A reconciliação é uma moda entre os divorciados.
Mal se acostumam com o nome de solteiro e se envolvem com os mesmos parceiros. Mas os mesmos parceiros são outros.
Outros novos.
A distância elimina a culpa.
A falta filtra a cobrança.
Eles experimentaram um tempo sozinhos para descobrir que se
matavam por uma idealização.
Enfrentaram relacionamentos diferentes, exageros e excessos,
contemporizaram os medos e as rejeições, provaram de frustrações amorosas.
Viram que o príncipe se vestia mal, e o sapo coaxava bonito.
Viram que não existe demônio ou santo no amor.
Não existe certo ou errado, existe o amor e ponto.
Este amor provisório, inconstante, inacabado e vivo.
Este amor pano de prato, não toalha de mesa,
mas que serve para secar a louça e as lágrimas.
Quem era ciumento retorna equilibrado, quem era indiferente regressa atento.
A trégua salva e refina o comportamento.
O casal passa a adotar no dia-a-dia aquilo que não admitia fazer
e que o outro recomendava.
O que soava como crítica antigamente passa a ser conselho.
Gordos emagrecem com exercícios físicos, brabos examinam seus ataques de fúria.
A saudade era um recalque e se transforma em sabedoria.
O par percebe que é melhor ser inexato do que inexistente.
Durante a separação, ninguém aceita ressalva e exame de consciência.
A separação é soberba, escandalosa, arrogante.
Todos gritam e espalham os motivos da discórdia.
Já a reconciliação é humilde, ouvinte, discreta.
Os amantes cochicham juras e esquecem as falhas.
Baixam as exigências para aperfeiçoar o entendimento.
A reconciliação é o amor maduro,
o amor que ressuscitou,
o amor que desistiu de brigar por besteiras e intrigas.
O amor que é mão dada entre o erro e o perdão.
Mas que agora pretende envelhecer de mãos dadas para sempre.

Publicado no jornal Zero Hora
Coluna semanal, Revista Donna, p. 6
Porto Alegre (RS), 17/03/2013 Edição N° 17374

Nota: Achei lindo este texto, e conheço pessoas que se reconciliaram com seus (suas) ex. e vejo que vivem felizes e em harmonia, por isso resolvi colocar aqui... E VIVA O AMOR!!!!

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