quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Presença Divina


Um homem, ignorante ainda das Leis de Deus,
caminhava ao longo de enorme pomar,
conduzindo um pequeno de seis anos.
Eram Antoninho e seu tio, em passeio na visinhança da casa que residiam.
Contemplavam, com água na boca, as laranjas maduras,
e respiravam o ar leve da manhã.
A certa altura da estrada, o velho depôs uma sacola
sobre a grama verde e macia e começou a enchê-la com os frutos
que descansavam em grandes caixas abertas,
ao mesmo tempo que lançava olhares medrosos, em todas as direções.
Preocupado com o que via, Antoninho dirigiu-se ao companheiro e indagou:
- Que fazes titio?
Colocando o dedo indicador nos lábios entreabertos, o velho respondeu:
- Psiu! ... Psiu!...
Em seguida, acrescentou em voz baixa:
- Aproveitemos agora, enquanto ninguém nos vê,
e apanhemos algumas laranjas, às escondidas.
O menino, contudo, apontou com um dos pequenos dedos para o céu e exclamou:
- Mas, o senhor não sabe que Deus nos está vendo?
Muito espantado, o velho empalideceu e voltou a recolocar os frutos na caixa,
de onde os havia retirado, murmurando:
- Obrigado, meu Deus, por haveres despertado a minha consciência,
pelos lábios de uma criança.
E,desde esse momento, o tio de Antoninho passou a ser realmente outro homem.
 
(Chico Xavier)