sábado, 25 de fevereiro de 2012

Soneto de Fidelidade


De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


Vinícius de Moraes

AINDA QUE...

Ainda que não escrevas livros... 
És o escritor de tua vida.
Ainda que não sejas Miguelangelo...
Podes fazer de tua vida uma obra-prima.
Ainda que cantes desafinado...
Tua existência pode ser uma linda canção,
que qualquer afamado compositor invejaria.
Ainda que não entendas de música...
Tua vida pode ser uma magnífica sinfonia
que os clássicos respeitariam
Ainda que não tenhas estudado numa escola de comunicação...
Tua vida pode transformar-se numa reportagem modelo.
Ainda que não tenhas grande cultura...
Podes cultivar a sabedoria da caridade.
Ainda que teu trabalho seja humilde...
Podes converter teu dia em oração.
Ainda que tenhas quarenta, cinqüenta,
sessenta ou setenta anos...
Podes ser jovem de espírito.
Ainda que as rugas já manquem teu rosto...
Vale mais tua beleza interior.
Ainda que teus pés sangrem nos tropeços
e pedras do caminho...
Teu rosto pode sorrir.
Ainda que tuas mãos conservem as cicatrizes dos problemas e 
das incompreensões... 
teus lábios podem agradecer.
Ainda que as lágrimas amargas cubram teu rosto...
tens um coração para amar.
Ainda que não o compreendas...
no céu tens reservado um lugar...

(Autor Desconhecido por mim)