sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A vida é uma viagem de trem...


Podemos comparar a vida, a uma viagem de trem.
Uma comparação interessante quando bem interpretada.
Interessante porque nossa vida é cheia de embarques e desembarques...
De surpresas agradáveis com alguns embarques...
E de tristezas com alguns desembarques.
Quando nascemos, embarcamos nesse trem e encontramos duas pessoas que acreditamos que farão conosco a viagem até o fim: nossos pais.
Não é verdade.
Infelizmente, em alguma estação, eles desembarcam...
Deixando-nos órfãos de seus carinhos, proteção, amor e afeto.
Mas isso não impede que durante a viagem, embarquem pessoas interessantes, que virão a ser especiais para nós: nossos irmãos, amigos e amores.
Muitas pessoas tomam esse trem a passeio.
Outras fazem a viagem experimentando somente tristezas.
E há também outras que passam de vagão em vagão prontas para ajudar quem precisa. Muitos descem e deixam saudades eternas.
Outros tantos viajam no trem de tal forma, que quando desocupam seus assentos, ninguém sequer percebe.
Curioso é considerar que alguns passageiros que nos são tão importantes acomodam-se em vagões diferentes do nosso.
Isso nos obriga a fazer essa viagem separado deles...
Mas nada nos impede de com grande dificuldade atravessarmos nosso vagão e chegarmos até eles.
O difícil é aceitarmos que não poderemos sentar ao seu lado, pois outra pessoa estará ocupando esse lugar.
Essa viagem é assim: cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperanças, embarques e desembarques.
Sabemos que esse trem jamais volta.
O grande mistério é que não sabemos em qual parada desceremos.
E fico pensando: quando descer desse trem, sentirei saudades?
- Sim.
Deixar meus filhos viajando sozinhos será triste.
Separar-me dos amigos que nele fiz, do amor da minha vida será para mim dolorido. Mas me agarro à esperança de que em algum momento, estarei na estação principal e terei a emoção de vê-los chegar com sua bagagem, que não tinham quando embarcaram.
E me deixará feliz saber que de alguma forma, eu colaborei para que essa bagagem tenha crescido e se tornado valiosa.
Não pense no desembarque somente como a representação da morte, mas também como o término de uma história...
Algo que duas ou mais pessoas construíram e que por algum motivo deixaram desmoronar.
Muitas pessoas têm a capacidade de reconstruir, recomeçar, isso é sinal de garra, é saber tirar o melhor de “todos os passageiros”.
Agradeço muito por estar nesse trem e pelas pessoas que estão comigo fazendo parte da minha viagem, e por mais que nossos assentos não estejam lado a lado sei que estamos ou no mesmo vagão, ou num vagão vizinho bem próximo.

(autor desconhecido)

Interessante este texto, por que se refletirmos, vamos observar que a vida é assim mesmo, conhecemos várias pessoas no decorrer da nossa existência, que as vezes estão perto de nós e outras vezes estão mais longe, e assim vai...

Manifesto às Formigas


Chico sempre amou muito a Natureza.
Possuía em sua casa, entre outras plantas, roseiras que deixava seu quintal numa festa de cores e perfumes.
Certo dia, porém, começou uma devastação intensa pelas formigas.
Procura-se por toda parte e descobre-se um gigantesco formigueiro.
Amigos da casa resolveram adquirir Formicida Tatu para despejar sobre elas, a fim de acabar com a devastação.
Chico fica pensativo à busca de uma solução e resolve escrever um manifesto às formigas.
Durante três dias ele leu muito próximo ao formigueiro o seu manifesto:
– Comunico às minhas irmãs formigas que embora admire muito o seu trabalho, é preciso que deixem esta residência, pois uma tempestade vai desabar sobre vocês.
– E elas saíram, Chico?, perguntei-lhe.
– Quase a totalidade delas.
– E você deixou o pessoal colocar o veneno?
– Deixei ... as que ficaram eram subversivas.

(do Livro Chico de Francisco - Adelino da Silveira)

21ª Bienal do Livro de São Paulo


A Bienal Internacional do Livro de São Paulo que iniciou ontem 12 de agosto de 2010, é um evento cultural organizado pela Câmara Brasileira do Livro, que reúne várias editoras brasileiras e estrangeiras para apresentar lançamentos e seus títulos.



Oficial
Cozinhando com palavras - Sob a temática cozinhando com palavras, o espaço reunirá chefs de cozinha autores de livros para que ofereçam aulas práticas e debates.
Salão de idéias - O espaço é conhecido por promover mesas de debates entre escritores nacionais e internacionais sobre os mais variados temas.
Palco Literário: Grandes nomes do teatro, cinema, música e televisão farão um link entre a literatura e as demais expressões artísticas.
Espaço do Professor: O espaço é concebido para capacitar professores dos ensinos Fundamental e Médio, de escolas públicas e privadas, a trabalhar o livro em sala de aula.
Território Livre: O espaço é conhecido por promover mesas de debates entre escritores nacionais e internacionais sobre os mais variados temas.
Espaço da Lusofonia: Oferecerá atividades gratuitas focadas em iniciativas de divulgação, propagação e ensino do idioma português pelo mundo.
Exposição Monteiro Lobato: Um acervo que mostrará a história de um dos maiores escritores brasileiros.



O Livro é uma viagem: Espaço dedicado ao público infantil, de 7 a 14 anos, para promover a importância da leitura.
Fábulas com a Turma da Mônica: Espaço para atividades lúdicas de entretenimento com as crianças que visitarão a Bienal do Livro.
Exploração Discovery Kids: Um Explorador Discovery Kids é uma criança que explora a vida a medida que vai crescendo, descobrindo o fantástico mundo que a rodeia.

Programação completa leia:

http://www.bienaldolivrosp.com.br/




História da Bienal do Livro de São Paulo

A primeira Bienal Internacional do Livro de São Paulo aconteceu entre 15 e 30 de agosto de 1970, no Pavilhão da Bienal, no Ibirapuera, decorrência de um projeto que se iniciou na década de 1950. Nessa época, mais precisamente em 1951, com o intuito de introduzir no país a tradição européia das feiras de livros encontradas na França, na Alemanha e na Itália, a CBL promoveu a primeira Feira Popular do Livro, na praça da República.

A experiência foi retomada em 1956 e deslocada para o Viaduto do Chá, ponto ainda mais central da capital paulista e de grande fluxo de pedestres. O projeto foi ganhando corpo e novos adeptos. Em 1961, em parceria com o Museu de Arte de São Paulo, foi promovida a primeira Bienal Internacional do Livro e das Artes Gráficas, evento que se repetiu em 1963 e 1965. Eles serviram de ensaio para a primeira Bienal Internacional do Livro bancada exclusivamente pela CBL, em 1970.

Em 1996, ela passou a ser realizada no Expo Center Norte, para abrigar um maior número de expositores e proporcionar um maior conforto ao público. Em razão do crescimento contínuo de público e expositores, em 2002, ela deixou o Center Norte e foi para o Centro de Exposições Imigrantes (com 45 mil metros quadrados de área), onde foi realizada até 2004.

A partir de 2006 a Bienal do Livro de São Paulo passa a ser organizada no Parque Anhembi, junto à Marginal Tietê na Casa Verde.
Aproveite a Maior Festa Literária do Brasil em São Paulo!

Infantil

Programação Cultural

Não deu tempo...


Naquela manhã, sentiu vontade de dormir mais um pouco. Estava cansado porque na noite anterior fora deitar muito tarde. Também não havia dormido bem. Tinha tido um sono agitado. Mas logo abandonou a idéia de ficar um pouco mais na cama e se levantou, pensando na montanha de coisas que precisava fazer na empresa.

Lavou o rosto e fez a barba correndo, automaticamente, não prestou atenção no rosto cansado nem nas olheiras escuras, resultado das noites mal dormidas. Nem sequer percebeu um aglomerado de pelos teimosos que escaparam da lâmina de barbear. "A vida é uma seqüência de dias vazios que precisamos preencher", pensou enquanto jogava a roupa por cima do corpo.

Engoliu o café e saiu resmungando baixinho um "bom dia", sem convicção. Desprezou os lábios da esposa, que se ofereciam para um beijo de despedida. Não notou que os olhos dela ainda guardavam a doçura de mulher apaixonada, mesmo depois de tantos anos de casamento. Não entendia por que ela se queixava tanto da ausência dele e vivia reivindicando mais tempo para ficarem juntos. Ele estava conseguindo manter o elevado padrão de vida da família, não estava? Isso não bastava?

Claro que não teve tempo para esquentar o carro nem sorrir quando o cachorro, alegre, abanou o rabo. Deu a partida e acelerou. Ligou o rádio, que tocava uma canção antiga do Roberto Carlos, "detalhes tão pequenos de nós dois..." Pensou que não tinha mais tempo para curtir detalhes tão pequenos da vida. Anos atrás, gostava de assistir ao programa de Roberto Carlos nas tardes de domingo. Mas isso fazia parte de outra época, quando podia se divertir mais.

Pegou o telefone celular e ligou para sua filha. Sorriu quando soube que o netinho havia dado os primeiros passos. Ficou sério quando a filha lembrou-o de que há tempos ele não aparecia para ver o neto e o convidou para almoçar. Ele relutou bastante: sabia que iria gostar muito de estar com o neto, mas não podia, naquele dia, dar-se ao luxo de sair da empresa. Agradeceu o convite, mas respondeu que seria impossível. Quem sabe no próximo final de semana? Ela insistiu, disse que sentia muita saudade e que gostaria de poder estar com ele na hora do almoço. Mas ele foi irredutível: realmente, era impossível.

Chegou à empresa e mal cumprimentou as pessoas. A agenda estava totalmente lotada, e era muito importante começar logo a atender seus compromissos, pois tinha plena convicção de que pessoas de valor não desperdiçam seu tempo com conversa fiada.

No que seria sua hora do almoço, pediu para a secretária trazer um sanduíche e um refrigerante diet. O colesterol estava alto, precisava fazer um check-up, mas isso ficaria para o mês seguinte. Começou a comer enquanto lia alguns papéis que usaria na reunião da tarde. Nem observou que tipo de lanche estava mastigando. Enquanto engolia relacionava os telefonemas que deveria dar, sentiu um pouco de tontura, a vista embaçou. Lembrou-se do médico advertindo-o, alguns dias antes, quando tivera os mesmos sintomas, de que estava na hora de fazer um check-up. Mas ele logo concluiu que era um mal-estar passageiro, que seria resolvido com um café forte, sem açúcar.

Terminado o "almoço", escovou os dentes e voltou à sua mesa. "A vida continua", pensou. Mais papéis para ler, mais decisões a tomar, mais compromissos a cumprir. Nem tudo saía como ele queria. Começou a gritar com o gerente, exigindo que este cumprisse o prometido. Afinal, ele estava sendo pressionado pela diretoria. Tinha de mostrar resultados. Será que o gerente não conseguia entender isso?

Saiu para a reunião já meio atrasado. Não esperou o elevador. Desceu as escadas pulando de dois em dois degraus. Parecia que a garagem estava a quilômetros de distância, encravada no miolo da terra, e não no subsolo do prédio.

Entrou no carro, deu partida e, quando ia engatar a primeira marcha, sentiu de novo o mal-estar. Agora havia uma dor forte no peito. O ar começou a faltar... a dor foi aumentando... o carro desapareceu... os outros carros também... Os pilares, as paredes, a porta, a claridade da rua, as luzes do teto, tudo foi sumindo diante de seus olhos, ao mesmo tempo em que surgiam cenas de um filme que ele conhecia bem. Era como se o videocassete estivesse rodando em câmara lenta. Quadro a quadro, ele via esposa, o netinho, a filha e, uma após outra, todas as pessoas que mais gostava.

Por que mesmo não tinha ido almoçar com a filha e o neto? O que a esposa tinha dito à porta de casa quando ele estava saindo, hoje de manhã? Por que não foi pescar com os amigos no último feriado? A dor no peito persistia, mas agora outra dor começava a perturbá-lo: a do arrependimento. Ele não conseguia distinguir qual era a mais forte, a da coronária entupida ou a de sua alma rasgando.

Escutou o barulho de alguma coisa quebrando dentro de seu coração, e de seus olhos escorreram lágrimas silenciosas. Queria viver, queria ter mais uma chance, queria voltar para casa e beijar a esposa, abraçar a filha, brincar com o neto... queria... queria... mas não deu tempo...